6/12/2020 0 Comments Não existem "maus comportamentos"Na corrente comportamentalista - forma que está muito muito enraizada em nós, na pedagogia, psicologia e educação e que está na base de nos relacionarmos uns com os outros, com as nossas crianças e mesmo entre adultos - o comportamento é o que importa, é o que se vê, é o que nos diz quem a pessoa é; é pelo comportamento que percebemos o que tem de ser educado, moldado, ensinado, para corresponder ao certo. Um comportamento errado é para ser corrigido, um comportamento mau é um sinal de ser "mal educada", o comportamento fala por nós. Na Parentalidade Consciente - tal como já em correntes da psicologia e pedagogia atual e , tal como comprova a neurociência e investigação recente acreditamos em coisas um bocadinho diferentes: se é verdade que o comportamento nos dá pistas sobre como estamos, ele não define quem somos e a interpretação mais acertada não é: “porta-se mal quem é mal educado”, mas sim “porta-se mal quem se está a sentir mal.”. Costumo usar a metáfora do iceberg: A parte visível de um iceberg, por vezes é bem grande e impressionante - como algumas birras dos nossos fihos! - mas não deixa de ser nunca apenas uma parte e a menor desse iceberg. Há sempre uma parte bem maior e submersa, invisível ao nosso olhar e que comanda sempre os movimentos dessa parte visível. Então o que importa na verdade, é chegar aí, a esse bloco abaixo da linha do visivel e que na verdade comanda o que fazemos a toda a hora. E o que há aí? Há muitas coisas diferentes: há pensamentos e emoções, flutuações hormonais, desejos, há necessidades, há os nossos limites pessoais, há crenças e juízos de valor, há preconceitos e mapas do mundo que nos rodeia, conforme a nossa idade, e desenvolvimento intelectual, emocional e social. No fundo, o que importa pensar é que todo o comportamento - dos adultos e das crianças, dos pais e dos filhos - reflete esse mundo interior e nos dá pistas sobre o que se está a passar dentro de nós, ou deles. Se conseguirmos chegar aí e entendermos a razão do comportamento, deixamos de o ver como mau ou bom - embora possa ser mais ou menos desejável para nós ou em determinada situação - e passamos a percebe-lo como um indicador de algo que a criança está a sentir, a pensar, ou a precisar. Então, o que podemos fazer quando importa que determinado comportamento se altere ou queremos percebe-lo ? Ser um bom pai não é ser adivinho, é ser um bom detetive. Ou seja não é suposto termos de antemão todas as respostas, importa é conseguirmos fazer as boas perguntas* para percebermos o que se está a passar na tal parte que não se vê. Porque quem se sente bem, porta-se bem e a nossa função enquanto educador e cuidador é procurar que a nossa criança esteja bem. Nesta perspectiva não comportamentslosta da parentalidade acaba por haver pouco lugar para regras rígidas ou rotinas impostas ou até para consequências , castigos ou recompensas. Optamos antes por pôr em prática aquela frase famosa de " O Principezinho" tão lida e partilhada, mas tão pouco posta em prática: “o essencial é invisível aos olhos, só vemos bem com o coração”. Assim, na próxima birra mesmo no meio do supermercado ou na casa dos avós, lembrem-se de parar um minuto e procurar antes de mais a pergunta: o que estará a acontecer que eu não vejo? Aceitam o desafio de ver os vossos filhos e crianças mais com o coração? Um abraço amigo, Mariana *exemplos práticos e mais conteúdosneste episódio do podcast #cócegasnocoração que podes ouvir, na íntegra aqui em baixo
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o suave milagre | mariana bacelar