Nestes tempos de muito tempo juntos houve laços que se estreitaram entre pais, filhos e irmãos e houve, tal como me parece que a pandemia laçou sobre a sociedade, muita luz sobre zonas de sombra, também nestas mesmas relações familiares.
Cá por casa, começaram a acontecer alguns surtos recorrentes de mau feitio do meu filho mais velho, viroses chatas de implicância com a irmã, resistentes a tratamentos à base de explicações lógicas sobre a diferença de idades, a empatia, o cansaço dos pais, etc. Até que percebi do que precisava o meu filho mais velho: precisava de mimo. Precisava literalmente de doses generosas de beijos, abraços e colo, intercaladas com paciência, tolerância e atenção às suas necessidades. Perco-me, por vezes, nesse equilíbrio entre permitir o seu desconfinamento da asa materna e manter-me disponível, cuidadora e vigilante pelas suas necessidades emocionais. E acredito que, por uma razão ou por outro, acontecerá a muitas de nós. Seja porque um irmão mais novo nos leva a atenção, a energia e os braços (literalmente!), seja porque os vemos a crescer e ser bem independentes ou porque nos disseram que "mimo a mais não é bom", que "mimar demais os filhos é prejudicial", que "crianças mimadas são mal educadas e adultos que nunca crescem!" Eu tenho outra teoria: mimo, esse da ternura e do afeto, dos respeito pela integridade e necessidades ( não digo desejos e vontades e pedidos, digo necessidades), nunca é demais. Não há tal coisa como colo a mais, interação a mais, beijos a mais, paciência a mais, meiguice a mais, respeito pelas emoções e conversa a mais - podemos não estar, é certo, sempre disponíveis física ou emocionalmente para o dar aos nosso filhos mas que não se retirem de propósito por achar que fazem mal ou deseducam. Os limites e os "nãos" de que tanto se falam, só educam quando nos saem do coração, da valorização do que consideramos ser no seu melhor interesse, quando cá de dentro há um alerta de perigo, de instinto de proteção e cuidado e de os fazer crescer com dignidade, caráter, saúde e valores que para nós são quase essenciais à vida. O mimo "maléfico", vem de quando tentamos compensar falta de presença com coisas, falta de carinho com presentes, falta de atenção e tempo com eles com recompensas materiais, ou quando serve de moeda de troca para resultados, comportamentos - aqui sim estaremos a cavar buracos negros na autoestima dos nossos filhos, e a ensinar-lhes a procurar fora o que só podemos encontrar dentro de nós. Também podemos pensar naquelas formas de desresponsabilizar os filhos, de nãos lhe permitir grande autonomia ou opinião, de não lhes dar poder de decisão nem liberdade, espaço para fazerem o seu próprio caminho, cair e levantar, errar, escolher e sofrer as consequências, como mimo, mas isso só mima os próprios pais e mães que se recusam a ver os filhos como seres independentes , separados de si, e com uma vida própria. Isso é apenas controlo e ansiedade e não afeto. Os adultos mais “mimados” que conheço, que, independentemente da idade que têm, fazem birras, que levam tudo a mal, que parecem exigir aos outros e a vida que se curve perante eles, que lidam mal com a rejeição, a perda e os contratempos, que precisam de mostrar o seu valor com arrogância e exibicionismo foram por norma crianças muito sós, muitas vezes batidos ou maltratados pelos adultos, inseguros na sua relação com eles, desde cedo habituados a mostrar o que valem, com muitas regras e medo durante o seu crescimento. É ou não? Sempre que demonstramos atitudes infantis como adultos, elas vêm da falta do tal mimo ( de atenção, reconhecimento, validação, afeto) que podemos ter tido ao crescer, nunca do contrário. O mimo como demonstração de um amor incondicional será sempre a cura (e a vacina!) para surtos de baixa autoestima e problemas sociais e mentais. E não impede nunca de deixarmos os nossos filhos crescer, pelo contrário: ajuda-os a crescer seguros, livres e responsavéis.♡ Um abraço amigo, Mariana Este post é um resumo do episódio da semana do podcast #cócegasnocoração, que podes ouvir aqui em baixo ou na tua plataforma de podcasts habitual.
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#1.
deixa-a mover-se, explorar em liberdade, gatinhar, trepar, correr, arriscar. confia que ela consegue. #2. está lá para ela, com um abraço, um beijo, com colo que cura, de cada vez que cair, sempre que não conseguir, sempre que se magoar, que chorar. [ e volta ao #1] #3. deixa-a escolher a própria roupa, o que quer usar e não usar, deixa-a decidir, dentro do orçamento que tiveres, o que prefere comprar. deixa-a decidir que desportos quer praticar, que livros quer ler. deixa-a usar o cabelo muito comprido ou muito curto se essa for a sua vontade. #4. deixa-a brincar com os teus sapatos, batons e blushs mas não lhe fures as orelhas sem ela pedir e nunca a faças sentir que é mais bonita por nada que vestir ou usar. #5. não a forces a dar beijos a ninguém, a comer ou a tomar banho. pede-lhe autorização para a lavar, para tocar no seu corpo. #6. conta-lhe histórias de princesas que só depois de se salvarem a elas próprias é que encontraram o príncipe encantado. e histórias de príncipes valentes porque enfrentam os dragões que existem dentro de si próprios e gostam de princesas que não precisam de ser salvas de nada. #7. não lhe impinjas brinquedos ou brincadeiras que tu achas que ela gosta ou que são apropriadas. percebe, primeiro os seus interesses (sem julgamentos) e deixa-a a brincar com o que ela gosta mais: com uma cozinha, barbies, legos, espadas ou oficinas. #8. dá-lhe mesada ou semanada, desde cedo (considero que se pode fazê-lo a partir dos cinco anos) e deixa-a decidir como gastar (ou poupar) o seu dinheiro. #9. cuida da alimentação que tens à sua disposição e deixa-a, o mais cedo possível, ser autónoma e decidir quanto, quando e o que quer comer. não faças comentários sobre o seu peso ou corpo. #10. não poupes no afeto, no colo, na verbalizarão das emoções. respeita se é tímida, calada, envergonhada, faladora, espalha-brasas, destemida, mandona, teimosa, chorona, sem nunca verbalizares estes rótulos ( mesmo que apareçam nos teus pensamentos!). nunca a faças sentir mal pelo que é ou como se está a sentir ou a fazer – há sempre razões para um comportamento ( sobretudo para os mais desafiantes!) #11. não elogies e não critiques. observa, escuta, reconhece, pergunta e escuta (não, não foi gralha: escutar nunca é demais!) #12. deixa-a ser dona do seu tempo, responsável pela mochila e pelos tcp. não ligues a notas, nem a conquistas que não sejam a alegria nos olhos, a vontade de aprender, o que a faz feliz fazer. ampara-a nas desilusões, nos medos, nas quedas, em tudo que não conseguir mas nunca faças o caminho por ela, e não vivas as emoções por ela. * e qualquer criança (seja menina ou menino). Um abraço mãedful, Mariana 8/25/2019 0 Comments ↬uma boa educaçãoEducar “bem” não é, na verdade, educar para o sucesso, o primeiro lugar, com foco na auto confiança , esforço, competitividade, a tirania do “tu consegues” e do empenho. A educação que ora cai no protecionismo exagerado dos perigos ou dificuldades (emocionais incluídas), para que nada “nos atinja” ou nos atira às feras e ignora as nossas necessidades e limites para aprendermos o que “é a vida” (estes dois padrões andam muitas vezes ligados , como compensação um do outro , entre pai e mãe , por exemplo).
Neste “ tabuleiro de jogo” há vítimas e culpados, há quem manda e quem obedece, há inocentes e agressores, sucesso e derrota, orgulho e desilusão, - e há , na idade adulta, depressões, ansiedade, falta de autoconhecimento, desamparo, dependência (seja do que for), agressão - contra os outros ou nós próprios - e autoestimas muito frágeis (embora por vezes disfarçadas de autoconfianças desmedidas que impedem relacionamentos de qualidade em muitas áreas da vida. ) Acredito que uma boa educação é a que se baseia em vermos os nossos filhos exatamente como são - a cada momento. Aquela em que queremos conhecê-los e darmo-nos a conhecer. Não impingir-lhes a nossa concepção do mundo, do sucesso e da derrota. Agrada-me ver cada vez mais sensibilidade para este redefinir do que é sucesso na vida - que é na verdade uma descoberta pessoal , única e ligada aos tempos que nos são dados viver - e os nossos tempos não serão os dos nossos filhos. Uma boa educação é a que os prepara para o “pior” : o pior acaso, o pior encontro, não a que assegura que não vão passar por isso ( até porque nem mesmo os "pais- helicóptero -último modelo" conseguem substituir a vida !) Como vou reagir na perda, no fracasso, na doença, na dificuldade ? Como vou reagir quando for preterido, ficar para trás, perder tudo, ter um conflito, o plano sair furado, conhecer pessoas ou realidades diferentes? Não quero com isto dizer nem que devemos ser preocupados, ansiosos com o futuro ou esperar que a vida dos nossos filhos seja feita de desgraças e desafios duros, nem que os devemos expor ao pior , ao difícil, retirar mimo e suporte emocional para aprenderem “o que é a vida” (esta última perspectiva encontro-a muito presente ainda, uma crença com raízes fundas nos valores vigentes) . Não precisamos de pais ou cuidadores que nos digam onde está o sucesso ou o caminho da realização pessoal - essa é uma jornada individual, muitas vezes solitário e até mutável- nem que nos exponham (de forma deliberada) ao duro, difícil, árduo - para isso está lá a vida, as relações com os outros e os nossos conflitos internos. Precisamos de pais e cuidadores que nos cuidem, amparem, sustentem, acompanhem , sem julgar , avaliar ou salvar. Que partilhem a sua verdade e fragilidade connosco e façam o melhor possível , enquadrado nos seus limites pessoais e nas suas autênticas opções de vida. Sem cobrar e sem aligeirar responsabilidade, com um olho nas possibilidades todas que tragam o melhor para todos e o outro “no que é”, na aceitação da imperfeita realidade com que temos de lidar. Sem medo do “sim é possível” nem do “não, lamento muito”. Educamos com tudo que somos e como vivemos ( não com o que dizemos ou apregoamos!) e acredito que o bem estar com que vamos pela vida - ao longo de todos os seus altos e baixos - será o indicador supremo de termos tido uma “ boa” educação: sabermo-nos amados incondicionalmente, saber que importamos para alguém (não os nossos feitos, conquistas, derrotas, comportamentos mas nós, exatamente como somos). Sentir que confiam em nós, que nos envolvem na sua vida, que a nossa opinião conta, que podemos partilhar sonhos e ideias. Que podemos arriscar, que alguém nos quer ouvir e ver, sem nos avaliar; que temos em alguém um Porto seguro para as nossas emoções e sentimentos. Tudo isto constrói auto-estimas fortes, das que não oscilam com as marés do que nos acontece ou do que nos fazem ou do que fazemos, conseguimos ou não. É a vela segura que nos leva a “bom porto”, mesmo no meio da pior das tempestades - e para mim esse é o propósito de educar seres humanos. ❥ #osuavemilagre #umaboaeducação #mãedfulness 9/28/2017 0 Comments cartas do Bem | 1Este caminho que o meu filho me convidou a trilhar está longe de estar concluído.
E que longe me levou! Levou-me ( e leva-me )às vezes, para muito longe de mim - fico perdida, sem direção, sem saber onde é o norte, qual opção tomar nas encruzilhadas. Outras, de volta ao mais verdadeiro de mim própria: vejo paisagens sublimes que antes me estavam vedadas, descubro ferramentas na bagagem que não sabia sequer que tinha, tenho encontros transformadores com pessoas maravilhosas (alguns ao vivo, outros através de livros, videos, páginas de facebook) Estou longe de ter todas as respostas e acho que já percebi as regras do jogo: quando tudo parece certo, resolvido, acabado ... outro desafio vem! E eu enceto o percurso, às vezes às cegas, outras aos trabolhões. Continua a acontecer-me a dúvida, o questionamento, ficar num impasse se avanço encarando a falésia, num salto de fé ou enceto o caminho de volta. Mas há coisas que eu sei, hoje: Que não há certo nem errado. Que todas as coisas que nos acontecem na vida podem trazer ao de cima o pior ou o melhor de nós. Que temos sempre opção. E que isto de ser Mãe é muito mais sobre o nosso próprio crescimento do que o dos filhos. Que a Vida nunca te faz vítima e ninguém tem o poder de te tirar a Paz. Que intuição e impulsividade não são a mesma coisa. Que ninguém é responsável pelas minhas emoções. Que o lugar de onde olhas o mundo o muda mesmo. Este caminho da maturidade pode fazer-se a qualquer altura da vida, e por tantas razões que não os filhos. E não tem uma única via, nem um único destino - só tu podes encontrar o teu, usando o mapa que melhor se adapta. E não se faz colocando filtros e mais filtros no nosso filme, a ver qual o torna mais bonito. Trata-se antes de os retirar, um a um, até chegarmos à nossa crua, exposta, vulnerável, autêntica, maravilhosa, única e poderosa Verdade. Aqui começa o "Mãedfulness". Vens? + informações sobre os Workshops "Mãedfulness" (que não são só para mães!) aqui & aqui podes conhecer os conteúdos dos 2 Workshops Parentalidade do Bem (à descoberta da Parentalidade Consciente) a acontecer no Porto, já em Novembro. Um abraço & obrigada por estarem por aqui! mariana 3/19/2017 0 Comments ♔ FELIZ DIA DO PAI, MÃES! ♔![]() Neste dia do Pai, um Obrigada & um Abraço de reconhecimento por tudo que os Pais são - na maioria das vezes - na vida dos seus filhos. E aproveitar o dia para nos lembramos de tudo o que podemos - nós , Mães - aprender com eles sobre Parentalidade Consciente: ✩ A assumirmos as nossas necessidades pessoais, sem queixume nem agressividade, não nos colocarmos em último lugar na fila , nem estarmos à espera que apareça alguém para nos salvar. ✩ Mantermo-nos mais neutras, pragmáticas, sem reatividade emocional, em situações de desafio ou de conflito transmitindo a calma e o conforto que a criança no fundo está a precisar. ✩ Usarmos mais vezes o humor, a descontração, catastrofizarmos menos, lembrando aos nossos filhos da importância da leveza na vida. ✩ Não querermos dar conta deste mundo e do outro, mostrando a nossa imperfeição e limites (e limitações) inerente a sermos apenas humanas, não fazermos gala da perfeição, nem sermos intolerantes ao erro - o que fará magia pela auto-estima das nossas crianças. ✩ Não abdicarmos dos nosso sonhos, planos, realização profissional e pessoal enquanto somos na mesma Pais e Mães. ✩ Confiarmos, termos menos preocupações e permitirmos que as crianças arrisquem, tomem a iniciativa e se sintam empoderadas, o que faz magia pela auto-confiança das crianças. ✩ Ligarmos menos a regras e rotinas, e banhos e sopas e roupas que combinam, darmos espaço para a criança estar, ser, falar. E ainda assim, Serem verdadeiros Pais presentes, não meros ajudantes ou simples observadores, assumirem a mesma responsabilidade, dedicação e amor que as Mães, num caminho que não é sempre lado a lado ou equilibrado nas suas várias etapas mas que se traduz sempre num balanço positivo para todos.♔ 10/22/2016 0 Comments os 7 mandamentos do " pai bombeiro"1. O fogo não é o território
Quando estiver perante as labaredas inflamadas dos gritos e pontapés, perante a frente em chamas de resistência e teimosia, feche os olhos, inspire expire e lembre-se da maravilha da natureza que o seu pequeno é, em todos os seus aspetos. O seu filho não é a birra que o consome. 2. Não espere o fogo para descobrir onde é a lagoa Faça o trabalho de casa, treine todos os dias o músculo da calma, a força da presença e agilidade da aceitação. Pratique no dia a dia a comunicação consciente, esteja atento a sinais de fumo e prepare-se sabendo bem que trilhos vai pisar e como vai reagir. 3. Respeitar o fogo da vontade não é temer a decisão certa. Utilizar formas de circunscrever a birra que respeitem a natureza da criança, as suas emoções e vontades não quer dizer capitular ou abdicar das suas convicções e integridade. São coisas diferentes e acredite é possível conseguir as duas. 4. Prefira a manta que abafa (abraça) em vez da água que espalha Gosto da metáfora da manta corta fogo porque em vez de gritos, ameaças ou palmadas, nos faz pensar em lidar com as birras consumindo o oxigênio que as alimenta, sem risco de as espalhar. Se as condições que a criaram desaparecerem ela também desaparece. 5. Se houver um companheiro em melhor estado anímico retire-se do palco de operações. Assumir que não está em condições do frente a frente é em si uma grande vitória. Preserve a relação com o seu filho e dê a vez para que todos saiam a ganhar. 6. Combater várias frentes pode ser inteligente Não há uma técnica milagrosa ou uma estratégia única que vá funcionar sempre. Há várias frentes a ter em conta, em simultâneo: . Que necessidades estão em falta? . Mostrar compreensão e solidariedade para com as emoções e vontades . Falar das próprias vontades e emoções . Criar conexão com a sua criança fisicamente e emocionalmente . Propor alternativas . Pedir ideias para chegarem a um acordo . Conter fisicamente, se necessário, mostrando auto-controlo e amor 7. Tire o seu dia de folga É exigente. Esgotante. Sim. Não vai conseguir fazer um bom trabalho se não estiver descansado, bem nutrido (mental e fisicamente), e isso só se consegue se tiver as suas necessidades fisicas e emocionais satisfeitas. Tire tempo para si. Não é suposto fazer tudo sozinha(o)! Lembre-se que nenhum bombeiro atua sozinho, antes tem o apoio de uma Corporação. Já escolheu a sua? Mais sobre lidar com birras aqui. (coisas em que acredito mesmo quando desespero e não as consigo fazer!)
✎ CONTROLE das próprias emoções, da reactividade, do nosso ego. Manter em mente que não é pessoal, não é sobre nós, nem dirigido a nós. Quem se sente mal, comporta-se mal. #Ferramentas Mindfulness: paciência, aceitação ✎ CONEXÃO com a criança. Vê-la, ouvi-la. Estar ali, naquele momento, com ela a 100%, sem pressa.Não criticar, não salvá-la, não confortá-la. Não resolver por ela, não manipular. #Ferramentas Mindfulness: não julgamento, não-esforço ✎ RECONHECIMENTO das emoções e necessidades & EMPATIA com a criança, mesmo que desaprovemos totalmente o comportamento. Qualquer comportamento é uma forma de comunicar e um meio para satisfação de alguma necessidade por preencher. Todo o comportamento, por mais negativo que seja, tem uma intenção positiva. Um “mau” comportamento é a parte visível de um iceberg — abaixo da linha de água estarão emoções, conflitos internos ou situações que a criança não está a conseguir resolver ou expressar de outra forma. #Ferramentas Mindfulness: aceitação, mente de principiante ✎ ENVOLVER na resolução do conflito, permitir a negociação, permitir que a criança procure ou sugira a saída para a paz, confiar que a criança encontra a solução que sirva as necessidades das duas partes: “ o que sugeres?”, “como te posso ajudar?” #Ferramentas Mindfulness: confiança ✎ MANTER O FOCO NO LONGO PRAZO e não na extinção imediata do mau comportamento a qualquer custo — ou seja, recorrendo a ameaças, medo, castigos ou recompensas, gritos ou palmadas, com consequências na auto-estima, na relação, no crescimento pessoal e na mudança consciente da criança. Qualquer conflito encerra uma oportunidade de ouro de crescimento para pais e filhos, e seja qual for a razão que o originou, a lição maior que dele tiramos está na forma como o resolvemos.❦ Um dia, todas as crianças vão ser vistas como diferentes, como tendo, todas, necessidades especiais.
Seja de atenção, de movimento, de contenção, de autodomínio, de raciocínio matemático, de desenvolvimento da linguagem, de flexibilidade, de cooperação, de comunicação, de motricidade fina, de motricidade grossa, de coragem, de calma, de auto-confiança, de expressão artística. Todas as suas deficiências vão ser acolhidas e desenvolvidas: o ouvido duro, a falta de coordenação motora, o medo, a falta de empatia, o jeito para o desenho ou a troca de letras ao escrever. Um dia, a todas as crianças se vão reconhecer, em algum ponto, perturbações do espectro do autismo: concentração a mais, imaginação a menos, bichos carpinteiros ou falta de iniciativa, faladores sem limites ou silenciosos difíceis de entender, ditadores impossíveis ou seguidistas sem vontade própria. Um dia, todas as crianças vão ter 20 no primeiro dia de aulas, todas as formas de aprender vão ser aceites, todos os currículos serão individuais e será respeitado o ritmo e os interesses de cada uma: contar até dez, saber as cores, explorar uma horta biológica, dar cambalhotas, ler com os dedos, construir um robot, inventar histórias, coordenar a marcha. Um dia, as escolas vão ser fábricas de individualidade, onde se celebra o erro e se permite sonhar alto sem medo de falhar. Um dia, todas as escolas e todos os professores vão ser mestres emocionais, sem medo da desordem, do mau comportamento, da expressão de sentimentos, da algazarra, do fraco desempenho, de inverter prioridades, sem agenda — só atentos às crianças e ao exemplo que são para elas, ao que elas são umas com as outras. E assim se farão adultos. Portadores de Deficiências, claro, como todos nós, mas infinitamente melhores, porque excelentes no que nós apenas somos medíocres: na aceitação, na diferença, no Amor ♡ a minha inspiração aqui 10/22/2016 0 Comments da auto-estimaDo que falamos quando falamos de auto-estima?
A verdade é que a mesma palavra parece ter significados muito diferentes para diferentes pessoas, autores, psicólogos e investigadores. Há uma abordagem que nos fala da auto-estima na ótica da auto-confiança: acreditar em si próprio, valorizar as suas qualidades, confiar nas próprias capacidades, ser afirmativo, sentir-se à vontade em determinadas áreas da vida. Uma corrente mais recente diferencia os conceitos e aproxima a auto-estima de um outro conceito que é a auto-compaixão. Esta auto-estima tem a ver com gostar de nós, exatamente como somos ( o significado de estima no dicionário é gostar de, ter apreço por, de uma forma desinteressada, muito natural). E é este olhar de apreço para nós mesmos, de aceitação em relação ao que somos que nos parece ser realmente poderoso. Esta auto-estima tem pouco a ver com o ego fortalecido, ser convencido ou, aparentemente, muito seguro de si. Tem a ver com gostarmos de nós exatamente como somos. Com todas as nossas características. Reconhecer o que temos que pode ser inclusivamente melhorado ou trabalhado. Olhar para as nossas falhas, erros, enganos, deficiências com bondade e compreensão, aceitando que somos humanos — não temos de ser os melhores, de estar sempre no topo da montanha. Mesmo quando estamos no fundo do poço, quando ouvimos uma crítica, quando não atingimos uma meta, não alcançamos um objetivo ou falhamos um alvo não nos julgamos arduamente, não nos sentimos menos por isso. Significa termos uma noção mais realista das nossas capacidades e ações, e perceber o que podemos fazer diferente, o que leva a não ter medo de desafios, de mudar. Leva a não precisar de ter sempre razão ou de atingir determinados “patamares” para nos sentirmos bem. A não precisar de usar uma máscara para parecermos perfeitos mas sim a podermos ser autênticos e viver em verdade, o que gera níveis elevados de bem estar e felicidade, mesmo nos momentos mais dificeis e a menos depressões e ansiedade a lidar com situações desafiantes. Não sentimos que o nosso valor como seres humanos dignos de ser amados e respeitados esteja nunca em causa e por isso jamais seremos vítimas. Precisamos muito menos da aprovação dos outros ou de viver em função do olhar dos outros, mas por outro lado desenvolvemos o sentimento de pertença e conexão com as outras pessoas, não havendo lugar para sentimentos de superioridade, agressividade ou defesa e por isso jamais seremos agressores. “Quando damos aos nossos filhos o presente da aceitação, quando realmente os vemos e os apreciamos pelo que são estamos a providenciar-lhes uma armadura psicológica que os vai proteger por uma vida.” J. McKay de onde vem a auto-estima?Todos nascemos com a semente da auto-estima, embora seja fácil ela não ser regada e cuidada, seja frequente não lhe dar solo fértil para que cresca e se desenvolva convenientemente. Muitos dos comportamentos e forma de comunicar, dos pais podem atrofiá-la. A sociedade atual pode ser uma máquina em envenená-la se ela já de si for fraca e por isso recai sobre cada família, uma responsabilidade grande. Amigos, professores, e todos que se vão cruzando connosco, sobretudo nas idades mais precoces, podem ter um efeito positivo no crescimento dessa planta ou não ajudar a que se desenvolva. Porque, enquanto o nosso cérebro e consciência se desenvolvem, vamos usar as pessoas que são o nosso porto seguro como espelhos de nós próprios. As pessoas de quem dependemos para sobreviver, as pessoas com quem criamos vínculos emocionais serão os nossos guias, os intérpretes do mundo externo e do nosso mundo interno em construção. Assim, pegando nos “tijolos” que atrás mencionamos serem a base da auto-estima, é apenas uma questão dos pais se colocarem no lugar do primeiro construtor dessa casa, e serem eles a fornecê-los, com as suas atitudes, comportamentos, palavras, actos e forma de se relacionarem com as suas crianças. É mais simples do que pode parecer… 1. tem a ver com os nossos pais gostarem de nós exatamente como somos. Ninguém duvida que os pais sentem amor incondicional pelos seus filhos. E, por certo, que o demonstramos muitas vezes. Mas outras — sobretudo em situações de desafio ou conflito — os nossos comportamentos e palavras podem ressoar na criança como sendo um “amor condicional” ou um estado de “sem amor”. Quando a criança é pequenina não distingue o comportamento dela própria. Por isso é tão importante, mesmo a impor os nossos limites, a gerir uma “birra”, ou num frente a frente com um comportamento com o qual não concordamos, não gritar, não bater, não usar cinismo ou palavras-dardo, não ameaçar, não ignorar, não castigar- ou seja, evitar tudo que seja entendido como “não gosta de mim” ou “não gosta de mim quando… me porto mal”. 2. tem a ver com deixarem-nos ser autênticos e viver em verdade Demonstrar confiança nas nossas crianças é uma maneira de lhes incutir uma noção de valor intrínseco, de promover a noção de autonomia, de não dependência dos outros ( hoje de nós, amanhã…) de lhes incutir um sentimento de capacidade e de tranquilidade em relação aos desafios e ao seu desenvolvimento. Promove também que se sintam úteis, parte integrante de um núcleo de pessoas. Mostra respeito e segurança — um dia mais tarde ela encontrará respeito e segurança nela própria. É importante ter em mente que o processo de confiar envolve algum risco — ajudá-la a percecionar esse risco ou alguma eventual falha, tombo como parte do processo e, embora reconhecendo as emoções envolvidas, continuar a confiar. 3. tem a ver com darem-nos uma noção realista das nossas capacidades Nas tais correntes que olham para a auto-estima sob a lupa da auto-confiança dá-se muito valor ao reforço positivo, ao elogio, ao louvor. Mas uma criança que cresce num ambiente de elogios “ocos” ( “és tão inteligente, que bem que desenhas, és mesmo bom”) ou reconhecida apenas quando consegue algo ( uma boa nota, passar no exame de ballet, quando se porta bem, etc) fica dependente dessa validação externa para se sentir bem consigo própria. Entramos no ciclo do amor condicional — só me valorizam, só gostam de mim, quando consigo , tenho, algo. Aprendemos a correr atrás da cenoura. A depender da motivação externa, sem olhar para o que nos faz feliz de verdade, não desenvolve a ética e um código de valores próprio. Assim, podemos reconhecer em vez de elogiar. Podemos dizer: “obrigada por teres posto hoje a mesa. Foi uma grande ajuda para mim.” Podemos mostrar um interesse grande pelo seu desenho, querer saber porque usou aquela cor, o que representa aquele traço, sem julgar, sem avaliar. Na natação, quando nos chama para o vermos mergulhar em vez do “boa! que bem que nadas”dizer apenas “estou a ver-te. Estás a divertir-te, ah?” 4. tem a ver com não nos julgarem arduamente Conseguirmos aceitar as nossas crianças como elas realmente são. Sem expectativas. Mostrar-lhes que está tudo bem com elas. Que não têm de mudar nada para serem especiais ou aceites aos nossos olhos. Aceitar as suas qualidades como os seus aspetos com os quais não nos reconhecemos — ou que reconhecemos como menos bons, porque são diferentes de nós ou embatem em crenças que temos sobre como deveria ser. Aceitar que a realidade é o que é. Aceitar as suas emoções fortes, os seus momentos menos felizes ou agradáveis, sem julgar. Antes amparando e buscando uma saída em conjunto. 5. tem a ver com estarem Presentes E por fim, a Presença. Estar com a criança de uma forma plena e inteira, aprendendo com ela, respeitando o seu tempo, ouvindo-a, dedicados a ela — se só poder ser durante quinze minutos, não faz mal. Sem interferências, sem telemóveis ou mil preocupações na cabeça. Parece o mais simples e é tantas vezes o mais difícil de conseguirmos. ♡ “as crianças que sentem que são verdadeiramente vistas e compreendidas pelos seus pais pode ser autênticas. Não têm de esconder oartes delas próprias por medo da rejeição. Se conseguirmos aceitar a criança como um ser único, com o bom e o menos bom a criança também se consegue aceitar e isto é a pedra angular da auto-estima” Judith McKay |
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December 2021
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o suave milagre | mariana bacelar