10/21/2018 0 Comments PNL & magiaEm maio deste ano, fiz a minha Certificação em PNL, com a Life Training e o Pedro Vieira.
Lembro-me desse primeiro dia, de ter chegado atrasada porque apanhei muito trânsito de Viana até ao Porto. Lembro-me de ter sido um dia intenso, de eu estar levemente à toa com o facto de o João Maria fazer 8 anos nessa semana e eu não poder estar com ele a não ser à noite, de antecipar a separação da Helena várias noites e dias, e de querer, ao mesmo tempo, muito aquela semana de aprendizagem, de autocuidado e de crescimento pessoal. Nesse primeiro dia, haveria um workshop noturno, até às onze, em cima do dia de trabalho. Eu era uma mãe com algum sono em falta e cansaço em excesso, naquela segunda feira e já vão perceber porque me estou a justificar. O Pedro é um comunicador cativante, não debita teoria. Conta histórias e fala na primeira pessoa, muitas vezes. E isso torna qualquer formação da Life Training muito especial. Ali, naquela segunda feira, começamos a perceber os mecanismos que usamos para pensar, para comunicar, para entender o mundo, as bases da PNL. O Pedro partilhava uma história, que, interessa para o caso dizer, era pessoal, a vários níveis. Tinha a ver com as suas experiências em maratonas e ultramaratonas , sobre crenças em relação ao envelhecimento, à incapacidade, aos desafios do corpo e da alma. Falava de pessoas próximas, que lhe eram queridas e partilhava as suas reflexões. E eu, num dado momento, fiz uma piada, um bocado a despropósito, para a minha vizinha de lugar. Ela riu e respondeu-me à letra. Tivemos um ataque de riso incontrolável, que não abonou muito a favor da nossa maturidade. No final do workshop, em conversa com o Pedro, pedimos desculpa, tentei explicar a graça e que era o sono a falar por mim, sem me conseguir convencer sequer a minha própria. Ele sorriu e disse:"já vi que não gostas de correr". Eu encolhi os ombros. Não gosto nem desgosto , pensei no momento. "Não é coisa que faça mas nada contra, nem me lembro de alguma vez correr, sempre gostei mais de ginásio.", acho que comentei. E lembro-me de ter ficado, durante alguns dias, a pensar que nem parecia meu, que não tinha estado muito bem naquele episódio. A certificação prosseguiu, por caminhos muito bonitos de serem trilhados por qualquer pessoa que se interesse pelo comportamento e pensamento humano, pelos mecanismos que nos podem ajudar a entendermo-nos melhor e a entender melhor os outros, como podemos libertarmo-nos daquilo que não somos, de hábitos e rotinas que não nos ajudam, fazermos as pazes com quem somos, como podemos aceder a novos recursos que nem sabíamos que tinhamos e a descobrir a confiar no poder do inconsciente. Muito bom. O tempo passou. Junho, Julho, Agosto, Setembro. O João Maria esteve na casa dos avós, no final das férias. E um dia, já de regresso, as aulas a começar, diz-me: Sabes , nos avós corria, todos os dias, na passadeira. Olha os quadradinhos na minha barriga. 5 minutos de manhã, 5 minutos à tarde." "Tu gostas de correr?" perguntei, quase em piloto automático. "Gosto! E tu ?" perguntou ele. E o meu pensamento deu um salto até ao final do primeiro dia da certificação. A história do Pedro, a minha piada um pouco tonta, a frase dele e as as minhas palavras naquela noite "Já vi que não gostas de correr." "Não gosto nem desgosto. Nem me lembro da última vez que corri." E depois , ali na cozinha, final de Setembro, lembrei-me. Lembrei-me da última vez que corri. Corria com o meu pai, todos os fins de semana, em 1994. Nesse verão, nesse inicio de setembro. E para mim, era mais do que correr, era tempo passado com o meu pai, que sempre saía ceda e voltava tarde durante a semana. Eu tinha dezasseis anos e gostava daquelas corridas no domingo ao final da tarde, só nossas. Eu gostava de correr ,e gostava muito do meu pai. E nunca mais me tinha lembrado das nossas corridas até este ano. Este ano, que fez vinte e quatro desse final de setembro em que o meu pai teve um AVC, que foi um susto muito grande e depois uma lenta recuperação, que não lhe permitiu nunca mais correr e que nos fez a todos reajustar as percepções sobre a vida, a deficiência, as limitações, a saúde, a doença, a resiliência e o Amor e tantas outras coisas de que é feita uma familia e a vida. E que me fez crescer, em muitos aspetos, ser mais tolerante, pensar sobre valores e afetos, e procurar ter uma postura de gratidão e aceitação por tudo. Não me interessa saber porque enviei esta memória para uma parte inacessível da minha consciência , porque a esbati até se tornar invisível. Talvez para sobreviver melhor. O que me interessa é que o Pedro ( e o João ) trouxeram-na à luz do dia, e de alguma forma isso fez-me bem. Fez-me chorar e permitir a tristeza chegar e a seguir senti que respirava melhor, sinto que o meu coração vai mais leve e que esta memória tão boa encontrou um sitio melhor para estar. Talvez em algum momento tivesse sido melhor esquecer, mas agora é muito bom lembrar. É ela que me segreda uma frase que vou dizer ao João ,um dia destes: "Estava aqui a pensar, João Maria, que podíamos começar a correr, os dois, aos domingos, ao final da tarde, que dizes? Eu gostava muito!" O Pedro esteve hoje no Norte Shopping a apresentar o seu livro sobre PNL e eu não pude estar presente. Mas queria muito já ter contado esta história, por isso ela aqui fica, a propósito e junto com um Obrigada. Se não quiserem ou puderem fazer a Certificação completa, leiam o livro: para além de estarem lá os princípios da PNL que nos ajudam a ver a vida através de outras lentes , quem sabe está lá, também para vós, a porta de acesso a outras descobertas… mágicas.
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