10/22/2016 0 Comments os 7 mandamentos do " pai bombeiro"1. O fogo não é o território
Quando estiver perante as labaredas inflamadas dos gritos e pontapés, perante a frente em chamas de resistência e teimosia, feche os olhos, inspire expire e lembre-se da maravilha da natureza que o seu pequeno é, em todos os seus aspetos. O seu filho não é a birra que o consome. 2. Não espere o fogo para descobrir onde é a lagoa Faça o trabalho de casa, treine todos os dias o músculo da calma, a força da presença e agilidade da aceitação. Pratique no dia a dia a comunicação consciente, esteja atento a sinais de fumo e prepare-se sabendo bem que trilhos vai pisar e como vai reagir. 3. Respeitar o fogo da vontade não é temer a decisão certa. Utilizar formas de circunscrever a birra que respeitem a natureza da criança, as suas emoções e vontades não quer dizer capitular ou abdicar das suas convicções e integridade. São coisas diferentes e acredite é possível conseguir as duas. 4. Prefira a manta que abafa (abraça) em vez da água que espalha Gosto da metáfora da manta corta fogo porque em vez de gritos, ameaças ou palmadas, nos faz pensar em lidar com as birras consumindo o oxigênio que as alimenta, sem risco de as espalhar. Se as condições que a criaram desaparecerem ela também desaparece. 5. Se houver um companheiro em melhor estado anímico retire-se do palco de operações. Assumir que não está em condições do frente a frente é em si uma grande vitória. Preserve a relação com o seu filho e dê a vez para que todos saiam a ganhar. 6. Combater várias frentes pode ser inteligente Não há uma técnica milagrosa ou uma estratégia única que vá funcionar sempre. Há várias frentes a ter em conta, em simultâneo: . Que necessidades estão em falta? . Mostrar compreensão e solidariedade para com as emoções e vontades . Falar das próprias vontades e emoções . Criar conexão com a sua criança fisicamente e emocionalmente . Propor alternativas . Pedir ideias para chegarem a um acordo . Conter fisicamente, se necessário, mostrando auto-controlo e amor 7. Tire o seu dia de folga É exigente. Esgotante. Sim. Não vai conseguir fazer um bom trabalho se não estiver descansado, bem nutrido (mental e fisicamente), e isso só se consegue se tiver as suas necessidades fisicas e emocionais satisfeitas. Tire tempo para si. Não é suposto fazer tudo sozinha(o)! Lembre-se que nenhum bombeiro atua sozinho, antes tem o apoio de uma Corporação. Já escolheu a sua? Mais sobre lidar com birras aqui.
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(coisas em que acredito mesmo quando desespero e não as consigo fazer!)
✎ CONTROLE das próprias emoções, da reactividade, do nosso ego. Manter em mente que não é pessoal, não é sobre nós, nem dirigido a nós. Quem se sente mal, comporta-se mal. #Ferramentas Mindfulness: paciência, aceitação ✎ CONEXÃO com a criança. Vê-la, ouvi-la. Estar ali, naquele momento, com ela a 100%, sem pressa.Não criticar, não salvá-la, não confortá-la. Não resolver por ela, não manipular. #Ferramentas Mindfulness: não julgamento, não-esforço ✎ RECONHECIMENTO das emoções e necessidades & EMPATIA com a criança, mesmo que desaprovemos totalmente o comportamento. Qualquer comportamento é uma forma de comunicar e um meio para satisfação de alguma necessidade por preencher. Todo o comportamento, por mais negativo que seja, tem uma intenção positiva. Um “mau” comportamento é a parte visível de um iceberg — abaixo da linha de água estarão emoções, conflitos internos ou situações que a criança não está a conseguir resolver ou expressar de outra forma. #Ferramentas Mindfulness: aceitação, mente de principiante ✎ ENVOLVER na resolução do conflito, permitir a negociação, permitir que a criança procure ou sugira a saída para a paz, confiar que a criança encontra a solução que sirva as necessidades das duas partes: “ o que sugeres?”, “como te posso ajudar?” #Ferramentas Mindfulness: confiança ✎ MANTER O FOCO NO LONGO PRAZO e não na extinção imediata do mau comportamento a qualquer custo — ou seja, recorrendo a ameaças, medo, castigos ou recompensas, gritos ou palmadas, com consequências na auto-estima, na relação, no crescimento pessoal e na mudança consciente da criança. Qualquer conflito encerra uma oportunidade de ouro de crescimento para pais e filhos, e seja qual for a razão que o originou, a lição maior que dele tiramos está na forma como o resolvemos.❦ Um dia, todas as crianças vão ser vistas como diferentes, como tendo, todas, necessidades especiais.
Seja de atenção, de movimento, de contenção, de autodomínio, de raciocínio matemático, de desenvolvimento da linguagem, de flexibilidade, de cooperação, de comunicação, de motricidade fina, de motricidade grossa, de coragem, de calma, de auto-confiança, de expressão artística. Todas as suas deficiências vão ser acolhidas e desenvolvidas: o ouvido duro, a falta de coordenação motora, o medo, a falta de empatia, o jeito para o desenho ou a troca de letras ao escrever. Um dia, a todas as crianças se vão reconhecer, em algum ponto, perturbações do espectro do autismo: concentração a mais, imaginação a menos, bichos carpinteiros ou falta de iniciativa, faladores sem limites ou silenciosos difíceis de entender, ditadores impossíveis ou seguidistas sem vontade própria. Um dia, todas as crianças vão ter 20 no primeiro dia de aulas, todas as formas de aprender vão ser aceites, todos os currículos serão individuais e será respeitado o ritmo e os interesses de cada uma: contar até dez, saber as cores, explorar uma horta biológica, dar cambalhotas, ler com os dedos, construir um robot, inventar histórias, coordenar a marcha. Um dia, as escolas vão ser fábricas de individualidade, onde se celebra o erro e se permite sonhar alto sem medo de falhar. Um dia, todas as escolas e todos os professores vão ser mestres emocionais, sem medo da desordem, do mau comportamento, da expressão de sentimentos, da algazarra, do fraco desempenho, de inverter prioridades, sem agenda — só atentos às crianças e ao exemplo que são para elas, ao que elas são umas com as outras. E assim se farão adultos. Portadores de Deficiências, claro, como todos nós, mas infinitamente melhores, porque excelentes no que nós apenas somos medíocres: na aceitação, na diferença, no Amor ♡ a minha inspiração aqui 10/22/2016 0 Comments da auto-estimaDo que falamos quando falamos de auto-estima?
A verdade é que a mesma palavra parece ter significados muito diferentes para diferentes pessoas, autores, psicólogos e investigadores. Há uma abordagem que nos fala da auto-estima na ótica da auto-confiança: acreditar em si próprio, valorizar as suas qualidades, confiar nas próprias capacidades, ser afirmativo, sentir-se à vontade em determinadas áreas da vida. Uma corrente mais recente diferencia os conceitos e aproxima a auto-estima de um outro conceito que é a auto-compaixão. Esta auto-estima tem a ver com gostar de nós, exatamente como somos ( o significado de estima no dicionário é gostar de, ter apreço por, de uma forma desinteressada, muito natural). E é este olhar de apreço para nós mesmos, de aceitação em relação ao que somos que nos parece ser realmente poderoso. Esta auto-estima tem pouco a ver com o ego fortalecido, ser convencido ou, aparentemente, muito seguro de si. Tem a ver com gostarmos de nós exatamente como somos. Com todas as nossas características. Reconhecer o que temos que pode ser inclusivamente melhorado ou trabalhado. Olhar para as nossas falhas, erros, enganos, deficiências com bondade e compreensão, aceitando que somos humanos — não temos de ser os melhores, de estar sempre no topo da montanha. Mesmo quando estamos no fundo do poço, quando ouvimos uma crítica, quando não atingimos uma meta, não alcançamos um objetivo ou falhamos um alvo não nos julgamos arduamente, não nos sentimos menos por isso. Significa termos uma noção mais realista das nossas capacidades e ações, e perceber o que podemos fazer diferente, o que leva a não ter medo de desafios, de mudar. Leva a não precisar de ter sempre razão ou de atingir determinados “patamares” para nos sentirmos bem. A não precisar de usar uma máscara para parecermos perfeitos mas sim a podermos ser autênticos e viver em verdade, o que gera níveis elevados de bem estar e felicidade, mesmo nos momentos mais dificeis e a menos depressões e ansiedade a lidar com situações desafiantes. Não sentimos que o nosso valor como seres humanos dignos de ser amados e respeitados esteja nunca em causa e por isso jamais seremos vítimas. Precisamos muito menos da aprovação dos outros ou de viver em função do olhar dos outros, mas por outro lado desenvolvemos o sentimento de pertença e conexão com as outras pessoas, não havendo lugar para sentimentos de superioridade, agressividade ou defesa e por isso jamais seremos agressores. “Quando damos aos nossos filhos o presente da aceitação, quando realmente os vemos e os apreciamos pelo que são estamos a providenciar-lhes uma armadura psicológica que os vai proteger por uma vida.” J. McKay de onde vem a auto-estima?Todos nascemos com a semente da auto-estima, embora seja fácil ela não ser regada e cuidada, seja frequente não lhe dar solo fértil para que cresca e se desenvolva convenientemente. Muitos dos comportamentos e forma de comunicar, dos pais podem atrofiá-la. A sociedade atual pode ser uma máquina em envenená-la se ela já de si for fraca e por isso recai sobre cada família, uma responsabilidade grande. Amigos, professores, e todos que se vão cruzando connosco, sobretudo nas idades mais precoces, podem ter um efeito positivo no crescimento dessa planta ou não ajudar a que se desenvolva. Porque, enquanto o nosso cérebro e consciência se desenvolvem, vamos usar as pessoas que são o nosso porto seguro como espelhos de nós próprios. As pessoas de quem dependemos para sobreviver, as pessoas com quem criamos vínculos emocionais serão os nossos guias, os intérpretes do mundo externo e do nosso mundo interno em construção. Assim, pegando nos “tijolos” que atrás mencionamos serem a base da auto-estima, é apenas uma questão dos pais se colocarem no lugar do primeiro construtor dessa casa, e serem eles a fornecê-los, com as suas atitudes, comportamentos, palavras, actos e forma de se relacionarem com as suas crianças. É mais simples do que pode parecer… 1. tem a ver com os nossos pais gostarem de nós exatamente como somos. Ninguém duvida que os pais sentem amor incondicional pelos seus filhos. E, por certo, que o demonstramos muitas vezes. Mas outras — sobretudo em situações de desafio ou conflito — os nossos comportamentos e palavras podem ressoar na criança como sendo um “amor condicional” ou um estado de “sem amor”. Quando a criança é pequenina não distingue o comportamento dela própria. Por isso é tão importante, mesmo a impor os nossos limites, a gerir uma “birra”, ou num frente a frente com um comportamento com o qual não concordamos, não gritar, não bater, não usar cinismo ou palavras-dardo, não ameaçar, não ignorar, não castigar- ou seja, evitar tudo que seja entendido como “não gosta de mim” ou “não gosta de mim quando… me porto mal”. 2. tem a ver com deixarem-nos ser autênticos e viver em verdade Demonstrar confiança nas nossas crianças é uma maneira de lhes incutir uma noção de valor intrínseco, de promover a noção de autonomia, de não dependência dos outros ( hoje de nós, amanhã…) de lhes incutir um sentimento de capacidade e de tranquilidade em relação aos desafios e ao seu desenvolvimento. Promove também que se sintam úteis, parte integrante de um núcleo de pessoas. Mostra respeito e segurança — um dia mais tarde ela encontrará respeito e segurança nela própria. É importante ter em mente que o processo de confiar envolve algum risco — ajudá-la a percecionar esse risco ou alguma eventual falha, tombo como parte do processo e, embora reconhecendo as emoções envolvidas, continuar a confiar. 3. tem a ver com darem-nos uma noção realista das nossas capacidades Nas tais correntes que olham para a auto-estima sob a lupa da auto-confiança dá-se muito valor ao reforço positivo, ao elogio, ao louvor. Mas uma criança que cresce num ambiente de elogios “ocos” ( “és tão inteligente, que bem que desenhas, és mesmo bom”) ou reconhecida apenas quando consegue algo ( uma boa nota, passar no exame de ballet, quando se porta bem, etc) fica dependente dessa validação externa para se sentir bem consigo própria. Entramos no ciclo do amor condicional — só me valorizam, só gostam de mim, quando consigo , tenho, algo. Aprendemos a correr atrás da cenoura. A depender da motivação externa, sem olhar para o que nos faz feliz de verdade, não desenvolve a ética e um código de valores próprio. Assim, podemos reconhecer em vez de elogiar. Podemos dizer: “obrigada por teres posto hoje a mesa. Foi uma grande ajuda para mim.” Podemos mostrar um interesse grande pelo seu desenho, querer saber porque usou aquela cor, o que representa aquele traço, sem julgar, sem avaliar. Na natação, quando nos chama para o vermos mergulhar em vez do “boa! que bem que nadas”dizer apenas “estou a ver-te. Estás a divertir-te, ah?” 4. tem a ver com não nos julgarem arduamente Conseguirmos aceitar as nossas crianças como elas realmente são. Sem expectativas. Mostrar-lhes que está tudo bem com elas. Que não têm de mudar nada para serem especiais ou aceites aos nossos olhos. Aceitar as suas qualidades como os seus aspetos com os quais não nos reconhecemos — ou que reconhecemos como menos bons, porque são diferentes de nós ou embatem em crenças que temos sobre como deveria ser. Aceitar que a realidade é o que é. Aceitar as suas emoções fortes, os seus momentos menos felizes ou agradáveis, sem julgar. Antes amparando e buscando uma saída em conjunto. 5. tem a ver com estarem Presentes E por fim, a Presença. Estar com a criança de uma forma plena e inteira, aprendendo com ela, respeitando o seu tempo, ouvindo-a, dedicados a ela — se só poder ser durante quinze minutos, não faz mal. Sem interferências, sem telemóveis ou mil preocupações na cabeça. Parece o mais simples e é tantas vezes o mais difícil de conseguirmos. ♡ “as crianças que sentem que são verdadeiramente vistas e compreendidas pelos seus pais pode ser autênticas. Não têm de esconder oartes delas próprias por medo da rejeição. Se conseguirmos aceitar a criança como um ser único, com o bom e o menos bom a criança também se consegue aceitar e isto é a pedra angular da auto-estima” Judith McKay 10/22/2016 0 Comments kintsugi*Uma vez, o JM, devia ter quatro anos, partiu uma chávena. Uma chávena de café que fazia coleção com outras três. Partiu-lhe a asa. Eu devo ter feito a minha cara trinta e três. Mas, num esforço de aceitação e paciência — as coisas são o que são — consegui articular, um pouco a custo, um “não tem mal, temos tantas chávenas, deixa que a mãe deita fora para não te magoares com os cacos”e ele, agarrado às duas partes separadas da dita, exclamou, dorido, subitamente o coração dele partido também:
— Não! não, não.Vamos colar, tenho a certeza que conseguimos colar. E ficamos com ela. Dá para usar na mesma e eu gosto dela assim. Somos imperfeitos. Somos cheios de defeitos. De cicatrizes, marcas na pele que, às vezes, falam por nós. Só quem tem a força da humildade consegue ser melhor. Só quem consegue olhar-se sem filtros, sem a lupa da crítica dura ou o telescópio do ego vaidoso está bem consigo e consegue estar bem com os outros. As nossas vulnerabilidades não nos tiram valor. Antes nos acrescentam grandeza. Saberemos aceitar as nossas fraquezas sem as qualificar como forças disfarçadas? Aceitar sem julgamento e, ainda assim, querer ser melhor todos os dias? Saberemos aceitar-nos uns aos outros, perdoar, ter compaixão por nós e pelos outros, sem almejar a ser um vaso sem qualquer defeito? Saberemos cuidar de quem se parte, ver a beleza nas diferenças ou perdoar as “falhas” — as nossas e as dos outros? Como tratamos quem é diferente ou quem teve de colar os seus cacos? Como olhamos para os nosso velhos? Como olhamos para quem tem alterações físicas à dita “normalidade”? Como olhamos para as nossas crianças: como tendo direito à diferença ou tendo que pertencer a um padrão sob pena de terem uma “doença”, um “problema”? E seremos assim tão exigentes com as qualidades emocionais das pessoas: valorizamos quem é honesto, pacífico, generoso, compassivo, altruísta, autêntico, terno, íntegro? E saberemos deixar entrar a luz por cada rasgão na nossa pele? ( a nossa chávena nunca foi, afinal, colada. Assumimos a falta da asa — ela também não queria voar. Vive bem no meio das outras e serve-me o melhor café que tomo. )❧ *kintsugi é um arte milenar, japonesa, de restauro, em que se utiliza “uma mistura de laca e pó de ouro. As peças que recebem esta reparação são mais valorizadas que as que estão intactas. Isso porque sua estética trabalha mais com questões como a transitoriedade e a impermanência do que com a beleza propriamente dita.” 10/22/2016 0 Comments Novas metodologias para educar*É certo que os métodos “old school” como bater, assustar ou gritar não funcionam.
Ou melhor, funcionam porque, através do medo, suprimem o comportamento indesejado. Mas não ensinam o comportamento desejado, nem a criar conexao e confiança e ainda trazem a fatura da ansiedade, tristeza e agressividade a médio e longo prazo. O que podemos, então, fazer? De notar que os CASTIGOS, como retirar o brinquedo preferido, impedir de sair ou mandar para o quarto também estão incluídos nos métodos abordados anteriormente e não devem ser utilizados. Devemos, em vez disso, recorrer ao Reforço Positivo, utilziando elogios e recompensas quando se comportam como deve ser ou atingem um determinado objetivo. E, nos casos de agressividade, descontrolo, desrespeito e mau comportamento no geral devemos ignora-los ou, quando possível, sair do mesmo local, deixando-os sozinhos. Devemos mostrar firmeza na nossa atitude e, embora não utilizando berros, mostrar, com o tom certo, o nosso desagrado com a situação. O chamado “ralhete” é eficaz. Devemos também catalogar as atitudes como por exemplo dizer: “isso é feito, isso não se faz.” De referir que estas consequências devem ser aplicadas no imediado para que façam a ligação entre causa e efeito. Para saber mais procure um bom profissional que o ajude a ser um bom dono e a ter um cão feliz. *tudo que está escrito acima é baseado nas metodologias mais recentes para treinar cães. Parece-me bem. Os cães tem emoções e merecem o nosso respeito, e talvez não precisem de desenvolver uma boa auto-estima. Pensa bem, Mãe e Pai, o que faz sentido utilizar com as tuas crianças - pois se há métodos que nem com os cães já se utilizem, e outros que podem estar bem para os nossos amigos de 4 patas mas não para seres humanos e futuros cidadãos do mundo. 10/22/2016 0 Comments Memnoon*(uma tradução livre de Marshall Rosenberg) “Sempre que pedires algo a alguém, sobretudo a uma pessoa mais próxima usa um cartão. Nele simplesmente escreve o teu pedido e a recomendação POR FAVOR FAZ O QUE TE PEÇO, se – e só se – o conseguires fazer com a alegria com que uma criança pequena alimenta um pato esfomeado. No verso do cartão acrescenta: Por favor, não faças o que te peço se o fizeres por medo de ser punido se não o fizeres. Por favor não faças o que te peço se for para comprar o meu amor, ou seja, na esperança que eu te ame mais por isso. Não faças o que te peço se te sentires culpado por não o fazer. Não faças o que te peço se te sentires envergonhado por fazê-lo. E não faças o que te peço se o fizeres com alguma sensação de dever ou obrigação. Assim, aumentas a consciência de todos os envolvidos sobre dar apenas a partir da energia memnoon*. A vida é muito curta para dar a partir de qualquer outra energia. É, no entanto, um conceito radical porque, para as sociedades de dominação funcionarem, tem de existir um pequeno grupo a dominar muitos e nesta dinâmica não cabe o conceito memnoon. A única forma de dominar pessoas é tê-las a temer castigos e a fazer coisas para obter recompensas. Mas, sempre que damos algo que não queremos ou que não temos total vontade de dar, criamos um pouco de ressentimento , desgastamos a nossa verdade, a autoestima e a relação com a pessoa em causa. Por isso, acreditar em dar apenas a partir da energia memnoonpode criar uma revolução: no espirito de cada um e no mundo em que todos vivemos.”M.R. E o que tem isto a ver com crianças? Tudo. Se a família for um território onde se pratica e respeita a energia memnoon, se esta for a única forma de dar que conhecem, a que assistem, cada família está a fazer a sua propria revolução. Para isso é preciso esquecermos que educar é criar “meninos bem comportados”. É preciso permitir que as crianças expressem os seus limites, as suas emoções, as suas vontades. É preciso não nos sentirmos ameaçados com comportamentos desafiantes. É preciso querermos crescer na nossa humanidade e consciência. É preciso sabermos respeitar as nossas necessidades e empatizar com as necessidades do outro. É preciso dar sempre a partir do amor e permitirmos ( a nós e aos outros!) liberdade para não dar. É preciso que um sim seja sempre um sim a nós próprios. *palavra hebraica que significa: “o pedido que abençoa a pessoa a quem o pedimos” A Parentalidade Consciente é conceber a dinâmica entre pais e filhos como a construção de uma relação, que assenta na Verdade do que somos, no Amor e no Respeito.
Muitas vezes diz-se: “cada pessoa educa como quer” e isto é só meia verdade: porque, muitas vezes, educamos apenas como podemos, como conseguimos, repetindo padrões, sem ferramentas que nos auxiliem, refens das circunstâncias e do inconsciente. A Parentalidade Consciente capacita-nos para sermos as mães e os pais que queremos mesmo ser. A Parentalidade Consciente convida-nos, sobretudo, a olhar para nós, para as nossas intenções como mães e pais, convida-nos a ter um olhar consciente sobre os comportamentos e práticas que temos ao nos relacionarmos com os nossos filhos. A Parentalidade Consciente assenta nas premissas do igual valor entre os relacionamentos humanos, incluindo os de pais e filhos, do respeito pela integridade dos nossos filhos - e pela nossa! -, na permissão da autenticidade entre pais e filhos e na prática da responsabilidade pessoal de cada um. A Parentalidade Consciente defende que o exemplo e o amor são as verdadeiras ferramentas de educação que temos, respeita o processo de desenvolvimento cognitivo e emocional humano e compreede que a relação de pais e filhos pode ser um verdadeiro retiro espiritual, onde ambos crescemos e descobrimos o nosso caminho. Acredito que a forma como nos relacionamos com as nossas crianças hoje pode ser uma poderosa maneira de mudarmos o mundo, de termos um futuro diferente. E tu, em que acreditas? Afinal, o que é isto da Parentalidade Consciente?
É sobre os Pais ou é sobre as crianças? É sobre os pais, porque toda a resistência é falta de conexão, porque o comportamento deles é um reflexo do nosso. É sobre os pais, porque todos os momentos desafiantes são oportunidades para crescermos mais um bocadinho. Porque o que nos irrita, incomoda ou queremos corrigir nos nossos filhos são as nossas próprias feridas, medos, carências. E é sobre as crianças porque os comportamentos, atitudes ou palavras rudes, agressivos ou desafiadores são o reflexo de um estado interior desorganizado e não uma afronta pessoal. Porque o caminho deles não tem de ser feito sobre as nossas expectativas, desejos ou frustrações. Porque não os queremos perfeitos, felizes e bem sucedidos para satisfazer o nosso ego - apenas queremos estar presentes sempre na sua vida, independentemente de quem são ou o que fizerem. Porque eles e os os seus comportamentos, conquistas e desaires não dizem nada sobre nós. É mais sobre aprender ou desaprender? É aprender, porque aprendo com o meu filho, aprendo sobre a minha autenticidade, sobre os meus verdadeiros limites e a ter atenção às minhas próprias necessidades. Aprendo a comunicar com respeito, a negociar, a ser mais flexível, mais tolerante. Aprendo a ser presente e a conectar-me, a dar tempo ao tempo, a questionar e a desenvolver o meu auto-controlo. Mas desaprendo crenças enraizadas e ideias feitas, desaprendo regras absurdas ou normas que não me servem. Desaprendo conceitos que afinal já não fazem sentido para mim, desaprendo a ser pai a partir de uma relação hierárquica e a educar a partir do poder, do controlo e da disciplina. Permite o (des)respeito? Ao praticar PC tenho mais respeito por mim própria e pelos meus filhos. Respeito a minha integridade e consigo o respeito dos outros por ser congruente e mostrar a minha verdade. Tenho respeito pela força interior, pelo mais fraco, pelo falhanço e pelos erros. Tenho respeito pelas crianças e pelas necessidades individuais de cada pessoa. Mas não respeito o medo, o poder do mais forte, não ganho respeito pelo uso de prémios e recompensas ou castigos e ameaças. Não respeito regras que não compreendo ou mensagens não alinhadas com as atitudes. Mas resulta ? A PC não “resulta” porque não é uma técnica universal, não reside numa formula mágica. Não “resulta” porque não faz emergir crianças bem comportadas, certinhas e artificias. A PC “resulta” em crianças autênticas e com uma forte auto-estima, habituadas a ser tratadas com igual valor, em adolescentes e adultos com espaço para serem quem são, habituados a tratar toda a gente com igual valor, resulta no maravilhoso trabalho interior de cada mãe e pai, e na relação que estabelecemos com os nossos filhos pela vida fora. |
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December 2021
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o suave milagre | mariana bacelar