Perdi a voz. A virose assim quis.
E fui obrigada a falar menos. E mais baixo. Durante dois dias, na verdade eu não falava, sussurrava. E isso gerou coisas, cá por casa: _ sempre que tinha que dizer algo não podia gritar da cozinha para a sala ou do quarto para o escritório, tinha que me abeirar das crianças, pedir-lhes para olhar para mim, para me fazer entender. Curiosamente, acediam com muito mais prontidão aos meus pedidos _ várias coisas que teriam jorrado pela minha boca, para os meus filhos e outros adultos com quem convivi nestes dias, não foram ditas. Tive que pensar muito bem no que era mesmo importante, essencial para dizer. Muito ficou por dizer e toda a gente ganhou com isso. _a Helena passou a sussurrar em resposta às minhas perguntas, as suas parcas palavras e o João Maria baixava sem eu pedir, o seu tom de voz _ouvi mais e reagi menos ( às vezes com muita dificuldade em controlar-me!) e isso só causou mais Paz. A Helena começou a falar mais e o João contava imensas coisas da Escola - muito mais do que quando eu pergunto e respondo e pergunto e opino! _dei mais abraços e fiz mais festas, porque não podia ler a história da noite, o João leu a história da noite para nós _tive mais cuidado com o que a minha expressão dizia por mim _houve mais sossego nos dias, menos dificuldades em adormecer cedo e isto fez-me pensar quem gera parte da confusão e dificuldades de comunicação que, às vezes, sinto que "eles provocam", cá em casa?
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December 2021
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o suave milagre | mariana bacelar