Na mudança para a casa nova , as plantas vieram connosco - as de interior, e os vasos bem intencionados da varanda do apartamento e os cheiros: lavanda e hortelã. E é acerca desta última que hoje vos trago uma reflexão poderosa sobre parentalidade. Já na casa nova, com o passar das semanas a hortelã definhava. Cada vez mais seca, sem novos rebentos, sem crescer. E o que fazia eu? Regava, regava para que não he faltasse àgua, tirava ervas daninhas que cresciam à volta, e nada parecia resultar. Cansei-me a cuidar dela, chegou a um dia que lhe roguei eu própria umas pragas e a dei como perdida. "Olha a alfazema" - apeteceu-me dizer - "em flor e tão aromática!" Ridículo, eu sei, mas quantas vezes fazemos isto com as nossas crianças e não caímos em nós? Quando se fez luz e mudei o vaso para um local menos exposto ao sol a mudança aconteceu. Quase da noite para o dia. Sem esforço nenhum, as ervas daninhas não voltaram e as folhas voltaram a crescer, viçosas e cheirosas. Esta é uma lição preciosa para nós pais e educadores - e até lideres, políticos ou chefias: o contexto é quase tudo. Quando a envolvente é a certa o resto flui. E as pessoas, as crianças tal como as plantas tem as suas “condições ideias”, tem as suas necessidades especificas. Não nos cabe a nós dizer quais são. O nosso principal papel como pais e educadores é entender isso. É perceber como podemos cuidar das nossas crianças conforme a sua natureza. Será que uns precisam mais de novidade e experiências diferentes e outros de rotinas e padrões? Será que uns aprendem melhor em movimento e outros em silêncio e sossego? Será que uma boa alimentação, as horas de sono adequadas e uma família presente fazem mais pelo bem estar do que notas, regras e sermões? Será que para uns é importante ter poder de decisão, liderar e falar e para outros é mais confortável observar? Quando o contexto é o adequado, e adaptado à natureza das necessidades dos nossos alunos e filhos, todo o cuidado é muito mais fácil, toda a educação é benéfica, eficaz e duradoura. Importa só não querermos ter rosas quando a vida nos deu margaridas, ver a diversidade do jardim com bons olhos, não fazer comparações tolas e conhecer a espécie que temos. Assim torna-se muito mais fácil jardinar e educar e certamente todos encontrarão o seu lugar ao sol ( ou às sombra!) este post é baseado no podcast #cócegasnocoração cujo episódio completo podes ouvir no link aqui em baixo ou aqui.
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December 2021
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