|
1. a autoridadeEsta semana, um dos pilares estruturantes desta "casa" que é a Parentalidade Consciente, tem abanado um pouco, por cá, o que me obrigou a parar para o reparar na minha interação com as crianças.
E esse pilar é a Autoridade que, numa Parentalidade mais tradicional, na verdade, não existe, o que existe é o autoritarismo. Encontro muitas pessoas que não conseguem fazer a distinção entre estas duas formas de educarmos e de nos relacionarmos com as crianças e não só, até profissionalmente, por exemplo, faz toda a diferença termos um chefe-mandão ou um líder inspirador, certo? O autoritarismo esta baseado numa relação de hierarquia, de obediência, e quase sempre baseada no medo das consequências - há a aceitação implícita de que há um mais forte é um mais fraco, recorre a algumas formas de violência e coação. Há a ideia de que um tem mais poder do que o outro e nisto reside a maior confusão: numa educação autoritária há sobretudo abusos do poder que uma das partes detém. Pelo nosso lugar na relação - como pai ou mãe , mas também, por exemplo, como líder de uma equipa, como professor - temos, desde logo, mais poder de base. E a criança , o aluno, o nosso colaborador sabe isso. Temos mais meios ao nosso dispor, sejam eles quais forem e isso confere-nos poder. E o que nós, muitas vezes, fazemos com ameaças, ferindo a integridade, com castigos e punições, e mesmo com as recompensas é sistematicamente abusar do poder que temos pelo lugar que ocupamos. Há uns anos li o maravilhosos livro do sociólogo e investigador Dasher Keltner, O Paradoxo do Poder, que tão bem explica como quando começamos a abusar do poder que nos foi conferido começamos a perder poder aos olhos dos outros. Quando usamos o nosso poder sem abusar dele temos o conceito de Autoridade e esse trabalho contínuo em que usamos com respeito e para o maior bem de todos o Poder e a Responsabilidade Pessoal que temos por ter determinado papel - pai, líder, governante, professor - e, assim, a nossa a Autoridade aumenta cada vez mais. Aqui ficam algumas perguntas que fiz a mim mesma por estes dias e que vos convido a fazerem a cada momento e sobretudo quando sintam que estão a imergir num modelo de autoritarismo:
Há outro lado muito interessante de tudo isto. Um dos sinais inequívocos de que estamos no domínio da autoridade é não ter medo de conferir autoridade e poder aos outros. O papel da Responsabilidade Pessoal, em Parentalidade Consciente, é muito forte, de parte a parte. Nunca a criança pode ser responsabilizada pelo que compete ao adulto assegurar, mas podemos delegar e permitir o seu desenvolvimento com autonomia sempre que ela o queira e esteja preparada. Claro que quando estamos cansados, sem recursos , sobrecarregado, a experienciar emoções como incerteza, insegurança, medo, ansiedade fica muito difícil exercer esse papel de lidarança serena e corajosa e facilmente resvalamos para o autoritário, reativo que vive em nós. O que vos digo é que quanto mais construirmos uma relação baseada na autoridade, Responsabilidade Pessoal, Confiança e Respeito com os nossos filhos, menos mossa fazem os repetentes ditatoriais que nos assolam. E a qualquer momento podemos largar esse personagem e entrar na autoridade carinhosa e forte que nos é natural e fácil de exercer se estamos em contacto com os nossos limites pessoais e os nossos valores maiores. Nesta pandemia vimos muitos supostos líderes perderem completamente a credibilidade, sobretudo quando recorreram ao autoritarismo, e ao "eu é que mando" e vimos outros ( sobretudo outras!) a ser respeitadas e "seguidas" ao envolverem a população e com muita proximidade, responsabilidade e humildade exercerem a sua autoridade. Vale a pena pensar no tipo de pais que queremos ser para inspirar os nossos filhos a serem eles ou exigirem sempre, lideres à sua altura. :) Com um abraço, Mariana Este post é um resumo inspirado no episódio 3 da série 2 do #podcastcocegasnocoração que podes ouvir, na íntegra aqui .
0 Comments
Leave a Reply. |
autor+artigos
January 2021
temasAll Comunicação Não Violenta Crianças Conscientes Ensino Consciente Inspiração Mãedfulness Parentalidadeconsciente Parentalidade Consciente Podcast |
o suave milagre | mariana bacelar